O ditador nicaraguense Daniel Ortega, aliado do presidente Lula, ordenou nesta terça (9) o fechamento da Radio Maria e de outras 12 ONGs. A ministra do Interior, María Amelia Coronel, anunciou que as entidades tiveram seu status legal cancelado por "não conformidade" com requisitos financeiros. A decisão, publicada no Diário Oficial La Gaceta de Nicaragua, alegou que a Radio Maria não apresentou suas demonstrações financeiras entre 2019 e 2023 e tinha um conselho de administração expirado desde 2021.
A Radio Maria, que operava há 40 anos, já havia anunciado a redução de sua programação devido ao bloqueio de suas contas bancárias, impedindo o recebimento de doações. Este fechamento é parte de uma campanha mais ampla de Ortega contra a Igreja Católica, incluindo expulsão de padres e proibição de atividades religiosas.
Desde dezembro de 2018, mais de 3.600 ONGs foram proibidas de operar na Nicarágua, com seus bens transferidos para o Estado. A Procuradoria-Geral da República é responsável pela liquidação dos ativos dessas organizações. Deputados sandinistas afirmam que muitas ONGs usaram doações para financiar protestos contra Ortega, especialmente durante as eleições de 2021, onde ele garantiu seu quinto mandato consecutivo.
A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, intensificada após as eleições de novembro de 2021, quando Ortega foi reeleito enquanto seus principais concorrentes estavam presos. Ortega continua a reprimir opositores, privando-os de nacionalidade e direitos políticos, acusando-os de "traição à pátria".