Durante a pandemia de COVID-19, o tempo em frente às telas aumentou drasticamente entre as crianças e jovens canadenses. Um estudo realizado em Ontário revelou que, quanto mais tempo as crianças passavam assistindo TV ou jogando videogame, maiores eram os sintomas de depressão, ansiedade e problemas de conduta. "Os sintomas de depressão aumentaram significativamente entre os jovens que ficaram mais horas em frente às telas", explicou Xuedi Li, um dos responsáveis pela pesquisa. O estudo incluiu 2026 crianças, com idades entre 2 e 18 anos, e observou os efeitos de diferentes tipos de uso de dispositivos eletrônicos.
De acordo com os dados coletados, as crianças mais novas, com idades entre 2 e 4 anos, apresentaram aumento de problemas de conduta e hiperatividade à medida que o tempo de TV aumentava. Já os jovens mais velhos, de 6 a 18 anos, enfrentaram níveis mais elevados de depressão e ansiedade. Os resultados foram particularmente preocupantes para as crianças que passaram mais de 6 horas por dia assistindo à mídia digital. "Cada hora adicional de TV ou videogame parecia intensificar os problemas de saúde mental", comentou a pesquisadora Katherine Tombeau Custo, envolvida no estudo.
O uso de videogames também foi associado a sintomas como irritabilidade e desatenção, além da depressão, especialmente entre os adolescentes. No entanto, o tempo de bate-papo por vídeo, que se tornou uma das principais formas de socialização durante o isolamento, não trouxe benefícios significativos para a saúde mental. "Embora o bate-papo por vídeo tenha sido uma tentativa de manter as crianças conectadas socialmente, os efeitos sobre a saúde mental não foram tão positivos quanto se imaginava", destacou a Dra. Suneeta Monga.
Especialistas defendem que é urgente uma abordagem política para reduzir o tempo de exposição das crianças às telas e promover atividades que estimulem a saúde mental. “É necessário agir rapidamente para prevenir uma geração de jovens com problemas psicológicos graves”, alertou a médica Alice Charach. A pesquisa sugere que medidas como o retorno ao ensino presencial e mais apoio social podem ajudar a mitigar esses efeitos negativos.
Estudo publicado na Jama.