Mulheres que serviram nas Forças Armadas dos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001 apresentam uma taxa de mortalidade por câncer superior à da população feminina geral do país, segundo estudo publicado na revista JAMA Network Open. A pesquisa analisou dados de 442 mil veteranas que serviram no Iraque e no Afeganistão e constatou que aquelas com histórico de lesão cerebral traumática (TBI) têm um risco ainda maior de desenvolver câncer no sistema nervoso central.
O levantamento utilizou informações do Sistema de Saúde Militar e do Departamento de Assuntos de Veteranos, cruzando os dados com o Índice Nacional de Óbitos entre 2002 e 2020. Os resultados mostraram que veteranas com TBI possuem um risco 5,7 vezes maior de morrer por câncer do sistema nervoso central em comparação com a população feminina dos EUA. Já em relação ao câncer de mama, mulheres veteranas sem TBI tiveram uma taxa de mortalidade mais alta do que as que sofreram a lesão.
Os pesquisadores indicam que múltiplos fatores podem contribuir para essas diferenças. O serviço militar pode expor as mulheres a agentes cancerígenos e ambientes de alto risco, além de possíveis dificuldades no acesso a cuidados médicos após o fim da carreira militar. Outro ponto levantado foi o diagnóstico tardio, que pode impactar diretamente as chances de recuperação. O estudo ressalta a necessidade de mais pesquisas para entender as causas específicas desse aumento na mortalidade.
Apesar das limitações, como a possibilidade de subnotificação de TBI e a sobreposição de dados de mortalidade, a pesquisa reforça a urgência de políticas de saúde voltadas para veteranas. Com o crescimento da participação feminina nas forças armadas, os especialistas destacam a importância de acompanhar de perto a saúde dessas mulheres e garantir um suporte médico adequado para reduzir os impactos do serviço militar em sua longevidade.