Os sinais estão no ar, e a temperatura política não deixa dúvidas: Lula e o PT têm mais interesse do que se imagina em fritar Alexandre de Moraes. Embora o ministro tenha sido um dos pilares de sustentação institucional para o governo na contenção da direita, o atual cenário pode apontar para uma articulação mais ambiciosa: abrir mais uma vaga no Supremo Tribunal Federal antes do final do mandato para que o petista possa indicar um ministro alinhado antes do final de seu terceiro mandato.
A lógica é fria e estratégica. A próxima aposentadoria no STF está prevista apenas para 2028, com a saída de Luiz Fux que, apesar de indicado por Dilma Rousseff, não tem a dívida de gratidão e submissão que outros ministros demonstram. Até lá, Lula não teria mais nenhuma cadeira a preencher na Corte. Derrubando Moraes antes disso, o presidente teria a chance de nomear mais um ministro absolutamente alinhado a seu projeto de poder: algo que nem sempre encontrou nos nomes herdados ou indicados por conveniência política passada.
A crescente pressão sobre Alexandre de Moraes, vindos não só da direita nacional e internacional, mas agora também sendo tolerados (senão estimulados) por setores da esquerda, não são mera coincidência. A movimentação da OAB, críticas veladas na imprensa tradicional e a reconstrução do discurso da “necessidade de equilíbrio institucional” estão sendo usadas como pano de fundo para a possível derrubada do ministro.
Alexandre de Moraes, apesar de útil em momentos-chave como as Eleições de 2022, tornou-se imprevisível e, em alguns temas, excessivamente autônomo para os padrões centralizadores do petismo.