A vitória dos candidatos de Javier Milei nas eleições legislativas de Buenos Aires, no domingo (18), consolidou o discurso do presidente argentino contra o que chama de “casta política”. A lista liderada por Manuel Adorni, porta-voz do governo, obteve 30,1% dos votos, com mais de 99% das urnas apuradas.
Adorni afirmou que a disputa não foi apenas local, mas um embate entre “dois modelos”: o dos “poucos privilegiados” e o da liberdade. Milei comemorou o resultado dizendo que este é “um ponto de inflexão para as ideias de liberdade”, reforçando seu projeto de transformação institucional.
O resultado representa uma derrota para Leandro Santoro, ligado ao peronismo de Cristina Kirchner, que ficou em segundo lugar com 27,4%. Apesar de liderar as pesquisas, Santoro não resistiu ao apelo popular da retórica liberal e da pauta anticorrupção impulsionada por Milei.
Em terceiro lugar, com 15,9%, ficou Silvia Lospennato, do partido PRO, que rompeu com Milei e tenta liderar um campo de centro-direita. A divisão interna no espectro liberal-conservador favoreceu o presidente, que vem centralizando o apoio popular à direita.
A eleição renovou metade das 60 cadeiras da legislatura da capital argentina e foi tratada como um termômetro nacional. Analistas apontam que o governo buscou transformar a votação em referendo informal sobre sua agenda econômica, após relatar queda da inflação e superávit fiscal.
Segundo a consultora Mariel Fornoni, esse desempenho financeiro foi “o principal trunfo” do governo na campanha. A vitória em Buenos Aires fortalece Milei na disputa legislativa nacional marcada para outubro, em que buscará ampliar sua base de apoio no Congresso.