A saga da deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP), agora em solo italiano, promete se transformar em mais um "balde de água fria" para Moraes e seus pares. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 10 anos de prisão por uma invasão aos sistemas do CNJ, Zambelli parece ter encontrado um refúgio que pode desmoralizar as pretensões de sua extradição. A facilidade com que ela se locomove pela Europa, usando sua dupla cidadania, já acende um alerta – não para ela, mas para quem sonha em vê-la de volta ao Brasil algemada.
O embaixador brasileiro na Itália, Renato Mosca, em um tom que beira a resignação, já reconhece que a prisão de Zambelli por lá não será tarefa simples. O motivo? Mesmo com a difusão vermelha da Interpol – que, aliás, ainda não aparece no acesso público para Zambelli, que coincidência! – a polícia italiana não pode simplesmente invadir uma casa para prendê-la. Ou seja, ela precisa estar em local público para ser detida. Um detalhe técnico, mas que na prática é uma baita dor de cabeça para quem esperava uma prisão relâmpago e mais um troféu para a coleção da ditadua brasileira.
O fato de Zambelli ter entrado na Itália horas antes do pedido da Polícia Federal à Interpol ser efetivado é outro ponto que levanta sobrancelhas. Ninguém a impediu nos controles migratórios de Roma, e a ausência de informações sobre seu paradeiro específico na Itália só complica o cenário. Enquanto o embaixador tenta manter o otimismo, afirmando que a extradição é possível mesmo com a dupla cidadania – citando outros 14 processos em tramitação –, a realidade dos meses de avaliações jurídicas e políticas sugere que o caminho será longo e tortuoso.
Assim, enquanto no Brasil alguns já cantarolavam a volta de Zambelli, a Itália se apresenta como um novo terreno minado para as ambições da justiça brasileira. A possibilidade de a parlamentar buscar apoio em lideranças conservadoras, como a primeira-ministra Giorgia Meloni, adiciona uma camada política que pode transformar o processo em um verdadeiro "vexame internacional" para quem insiste em tratar casos complexos com a celeridade de um reality show.