A coragem de um bispo nigeriano em expor a brutalidade contra cristãos na África parece ter custado caro. Após seu apelo emocionante a legisladores em uma audiência no Congresso dos EUA em março, o bispo Wilfred Anagbe viu sua aldeia natal ser mortalmente atacada, e ele próprio recebeu ameaças diretas. Em apenas dez dias, quatro ataques "fatais" de "terroristas jihadistas" foram registrados em sua diocese, a área pela qual é responsável, revelando o "preço" de falar a verdade para o mundo.
A Nigéria, vale ressaltar, é um dos lugares mais perigosos para ser cristão, segundo a Portas Abertas Internacional: 69% dos cristãos mortos globalmente no último período de relatório estavam lá. Grupos como militantes Fulani, Boko Haram e ISWAP (Província do Estado Islâmico na África Ocidental) estão em uma ofensiva para garantir que o islamismo domine a cada parte do país, com a imposição da "lei Sharia". Um "genocídio" que, segundo um líder religioso local, visa "derrubar o cristianismo".
O testemunho de Anagbe em Washington não passou despercebido. Em abril, várias embaixadas em Abuja o alertaram sobre ameaças oficiais de que ele seria detido ao retornar da viagem aos EUA. Até mesmo a Missão dos EUA na Nigéria se manifestou no X, exigindo o "direito do bispo de falar livremente sem medo de retaliação". Mas, mesmo com o apoio internacional, os ataques se intensificaram: um de seus padres foi baleado e sua aldeia, Aondona, foi atacada por horas, deixando mais de 20 mortos.
O bispo é claro: "o que está acontecendo nada mais é do que ataques terroristas contra moradores inocentes para tomar suas terras". Ele faz um apelo desesperado para que o mundo não "esconda o rosto na areia" como no Holocausto e no genocídio de Ruanda. "Ficar em silêncio", diz ele, seria "promover o genocídio ou a limpeza étnica na Nigéria". Uma acusação grave que coloca a comunidade internacional contra a parede, cobrando uma atitude diante de um cenário de barbárie que parece não ter fim.