Antônio Jorge, do PSL Tocantins, diz que "ainda é Bolsonaro", afirma que o "Aliança" não terá tempo de concorrer às próximas eleições e que políticos do Tocantins só apoiaram Bolsonaro "depois da onça morta"
Na faixada do prédio que abriga o diretório do PSL Tocantins, a foto do presidente Jair Bolsonaro continua exposta ao lado da foto do dirigente estadual da sigla, o irreverente Antônio Jorge. Perguntado se a imagem permanecerá ali, Antônio responde que vai "checar se tem autorização" para que isso aconteça.
De acordo com a entrevista do presidente do PSL Tocantins ao Portal Novo Norte, o "namoro" com o presidente da República continua, mesmo após a desfiliação de Bolsonaro, seguida dos primeiros passos apara a criação do partido Aliança Pelo Brasil, que abrigará o chefe do Executivo nacional.
"Nós aqui continuamos Bolsonaro. Temos 82 cidades com diretório, com presidentes (responsáveis locais), e um pensamento formado. Somos bolsonarianos. Agora, não posso dizer a eles que vamos desistir do partido ou mudar de lado. Porque tenho certeza que o Aliança Pelo Brasil não terá tempo para se organizar, formalizar seu processo de criação e disputar as eleições de 2020", disparou.
Leal a Bolsonaro, mas avesso a criação da nova sigla, o presidente do partido afirmou que imaginava que os primeiros desentendimentos entre o presidente e parte do PSL iriam "se resolver". "Se o problema é o suposto laranjal dentro do partido, que se descubra quem são os responsáveis e os puna. O que o presidente precisa é de uma base sólida. Infelizmente não estou em Brasília para votar a favor de suas proposituras".
Orgulhoso, Antônio Jorge exibiu para a rortagem do Portal Novo Norte Projeto de Lei que apresentou enquanto deputado constituinte em 1996 para proibir a cobrança de seguros obrigatórios de veículos. Para ele, qualquer semelhança com a MP enviada pelo presidente do Brasil ao Congresso, na última semana, sobre o DPVAT, não é mera coincidência, mas pura "afinidade e alinhamento de ideias".
Antônio Jorge aproveitou a entrevista para alfinetar políticos do Tocantins, que hoje, "ostentam" bom relacionamento com o presidente. Ele chegou a acusar o atual líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes(MDB), de não se posicionar durante as eleições.
"Ninguém teve coragem de apoiar o presidente durante as eleições. Busquei apoio de candidatos ao governo, senado, deputados ferais. Somente Vicentinho Júnior apoiou Bolsonaro no segundo turno. Dos 139 prefeitos, só Moisés Avelino de Paraíso, Onasys de Jaú e Carlos Alberto de Carrasco Bonito apoiaram o presidente. Mas depois da onça morta, todo mundo quer ser matador", finalizou.