O acordo secreto firmado entre o Governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, e a farmacêutica chinesa Sinovac, fabricante da Coronavac, teria cláusulas que impedem a divulgação da eficácia global do imunizante. A informação foi publicada pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira (11).
A falta de informações sobre os estudos realizados no Brasil e a entrega incompleta de informaçoes à Anvisa no pedido de uso emergencial da vacina chinesa causou disconfiança na comunidade científica.
Especialistas calcularam uma eficácia para o imunizante inferior à média de 78% divulgada por Doria em uma coletiva de imprensa. A média real, calculada através dos dados disponíveis ficaria em torno de 64% e foi praticamente confirmada pela eficácia divulgada nos testes feitos na Indonésia, que ficou em 65,3%.
O Governo de São Paulo confirmou que o relatório completo com 10 mil páginas só será enviado à Anvisa, sem divulgação anterior para revisão pela comunidade científica. A taxa de eficácia divulgada por Dória não exclui os voluntários que tomaram placebo e não reflete a eficácia real da vacina.
Um trecho do acordo secreto firmado entre Butantan e Sinovac ao qual a CNN Brasil teve acesso em 2020 prevê que “o Butantan tem plena compreensão de que a Vacina é desenvolvida pela SINOVAC e que a SINOVAC detém os direitos de propriedade intelectual e interesses da SINOVAC na Vacina e que os dados clínicos da Fase III abrangem os direitos de propriedade intelectual e interesses da SINOVAC na Vacina“, diz o item 4.8.6 na página 11.
Segundo a CNN, é prevista até mesmo a destruição dos resultados da Fase III caso o acordo seja rescindido. “Caso a cooperação pretendida com esta carta ou sob este acordo não continue ou for rescindida por qualquer motivo, o Butantan deve, no ato da rescisão da carta ou deste acordo, devolver para a Sinovac ou mediante solicitação escrita da Sinovac destruir o Dossiê do Produto e suas cópias ou outras vias registradas nos diversos formatos, que se encontram armazenados e mantidos ou que se encontram na posse e controle do Butantan.” Diz ainda que “a Sinovac terá o direito de solicitar a um tribunal ou outra autoridade pública o cumprimento legal do direito à devolução para a Sinovac ou destruição do dossiê do Produto.”
