
Professor visitante da Faculdade de Direito de Harvard, o brasileiro Carlos Portugal Gouvêa, foi detido pelas autoridades de imigração dos Estados Unidos esta semana. A prisão ocorreu após Gouvêa se declarar culpado por disparar ilegalmente uma arma de chumbinho perto de uma sinagoga em Massachusetts. O Departamento de Segurança Interna (DHS) informou que ele concordou em deixar o país.
A detenção por parte do Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) veio após o Departamento de Estado revogar o visto temporário do professor. O governo do então presidente Donald Trump descreveu o episódio como um "incidente de tiros antissemita". Gouvêa, que é professor associado da Universidade de São Paulo (USP), lecionava em Harvard durante o período de outono.
O caso que levou à prisão ocorreu em 1º de outubro, na véspera do feriado judaico Yom Kippur, quando a polícia de Brookline prendeu Gouvêa. Ele foi detido após uma denúncia de uma pessoa com uma arma perto do Templo Beth Zion. O professor se declarou culpado pelo disparo ilegal da arma de chumbinho e cumprirá seis meses de liberdade condicional pré-julgamento.
Apesar da forte descrição usada pelo governo Trump, as autoridades locais não consideraram o caso como um ataque de ódio. O Templo Beth Zion, por exemplo, comunicou aos seus membros que o incidente não parecia ter sido motivado por antissemitismo. O Departamento de Polícia de Brookline, que investigou o caso, compartilhou dessa mesma avaliação.
O próprio professor alegou à polícia que estava usando a arma de chumbinho para caçar ratos nas proximidades da sinagoga. De acordo com o templo e a polícia, Gouvêa afirmou que "não sabia que morava perto de uma sinagoga" nem que "estava atirando com sua arma de chumbinho próxima a ela, nem que era um feriado religioso". Outras acusações como vandalismo foram descartadas no acordo judicial.