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Brasília – Especialistas reunidos na Câmara dos Deputados na última terça-feira, 9, debateram os efeitos da inteligência artificial (IA) sobre o mercado de trabalho, destacando tanto os desafios quanto as oportunidades que essa tecnologia traz para os trabalhadores e empreendedores. O debate intitulado “Profissões em Risco: Inteligência Artificial e a Empregabilidade” foi coordenado pelo deputado Helio Lopes (PL-RJ), relator de um estudo em curso no Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes).
Marcello Luiz de Souza Junior, gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em São Paulo, resumiu que o resultado líquido dos impactos da inteligência artificial é incerto e dependerá das ações das empresas e dos trabalhadores. Ele citou um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) que indicou que dois em cada cinco empregos no mundo podem ser afetados pela IA, com o risco de agravamento das desigualdades sociais.
Tiago Manke, pesquisador do Instituto Cappra, mencionou que os profissionais de IA estão entre os mais requisitados atualmente, conforme apontado pelo Fórum Econômico Mundial, enquanto alguns setores, como atendentes e vendedores, enfrentam perdas de emprego.
Edgar Andrade, executivo da Fablab Recife, defendeu um estímulo maior à educação empreendedora e à oferta de crédito para novos negócios, especialmente para os pequenos empreendimentos. Ele ressaltou a importância de criar condições favoráveis para que empreendedores de comunidades, como os que produzem bolo de pote em favelas, possam gerar mais receita.
Marcello Souza Júnior enfatizou a necessidade de universidades e organizações como o Senai auxiliarem as empresas na adoção das novas tecnologias, além de promoverem a educação continuada para os trabalhadores. Ele também destacou a importância de resolver o abismo digital existente no país.
Tiago Manke observou que as novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis, inclusive por meio de aplicativos de IA simples e gratuitos disponíveis na internet, que podem ajudar microempreendedores a melhorar o desempenho de seus negócios.
O deputado Helio Lopes (PL-RJ) citou o sucesso do pix, aplicativo para transferência de dinheiro, como um exemplo de como a tecnologia pode ser adotada em diferentes contextos. Edgar Andrade defendeu a retomada da discussão sobre a renda básica universal, especialmente diante do aumento previsto de pessoas fora do mercado de trabalho, destacando a necessidade de equidade na distribuição dos recursos.
O debate refletiu sobre os desafios e oportunidades que a inteligência artificial traz para o mercado de trabalho e a importância de políticas públicas e iniciativas privadas para mitigar seus impactos negativos e aproveitar seu potencial de transformação.
O Cedes é um órgão técnico-consultivo da Câmara dos Deputados com 23 parlamentares dedicado a discutir de temas de caráter inovador ou com potencial de transformar as realidades econômica, política e social do Brasil.
Desde sua instalação, em 2003, já foram publicados 33 trabalhos, muitos dos quais transformados em lei ou incorporados na administração pública. Os documentos produzidos pelo Cedes podem ser baixados gratuitamente aqui.
