
Uma nova pesquisa do Instituto Ibesp divulgada nesta segunda (24)revela que a grande maioria dos brasileiros rejeita a tese de que a criminalidade é apenas um problema social ou resultado da pobreza. O estudo, realizado no início de novembro em todos os estados e no Distrito Federal, buscou entender se, para o cidadão comum, o crime é uma escolha pessoal ou se a pessoa é "empurrada" para a vida errada pelas diferenças sociais e econômicas. Os resultados trazem um forte recado para o debate nacional.
A resposta da população foi clara e contundente: 76,3% dos entrevistados acreditam que a culpa por cometer crimes é da própria pessoa, indicando ser uma escolha individual. Apenas 10,4% consideram que o problema é social, atribuindo a responsabilidade às desigualdades e à pobreza. Para a maioria, o discurso de que os problemas econômicos explicam a criminalidade "não cola", e a pessoa decide deliberadamente seguir o caminho errado.
O levantamento ainda desbanca o mito de que as regiões mais pobres do país tenderiam a culpar a sociedade. O Nordeste, a região com maior índice de pobreza, é justamente a que menos acredita na explicação social: apenas 6,3% dos nordestinos veem o crime como um problema da sociedade, contra 84,9% que o enxergam como escolha pessoal. O estudo mostra que a visão de que o crime é uma opção individual é majoritária em todo o país.
A pesquisa detectou que a crença de que a sociedade é culpada pelo crime é mais forte em grupos específicos. Curiosamente, a faixa etária que mais acredita nisso são os jovens de 16 a 24 anos (20,5%), e aqueles com nível superior de ensino. Essa camada, que tem mais contato com ideologias de esquerda, contrasta com os mais velhos (acima de 60 anos), onde apenas 6,4% atribuem a culpa à sociedade, demonstrando uma forte discrepância entre a elite universitária e o povo que trabalha.